2.10.08

há vida após o casamento (?)


Embora ainda não tenha know how suficiente para discorrer sobre o assunto – visto que meu enlace beira uns dois meses de história – posso me dar o direito de afirmar que há sim, vida após o casamento, pois eis que, caros leitores virtuais, depois do casamento tem a lua-de-mel.

Não houve mudança de nome propriamente dita, continuo oficialmente sendo do meu pai e da minha mãe, pois conforme sempre gritei aos quatro ventos, não sou terreno, ninguém me passa pro nome de ninguém. Mas posso ceder um pouco nesta questão, já que casamento é isso mesmo, ceder daqui e dali (acreditem no que te falam), e aceitar a idéia de que agora a Mulher de Sardas é a Mulher de Sardas do Caio, ou melhor, para não ceder tudo de uma vez, a Mulher de Sardas com o Caio, e fiquem sabendo que isso não é pouca coisa.

A Mulher de Sardas com o Caio acorda e faz um café-com-leite, não toma mais Nescau. Porque o Caio ama café-com-leite, porque fazer café-com-leite é um ritual, porque cheiro de café-com-leite se mistura com os raios de sol que entram pelas janelas de manhã e me enchem de vontade de existir.

A Mulher de Sardas com o Caio continua saindo de casa em cima da hora, porque certas coisas que são nossas-só-nossas devemos manter conosco indiferente à situação, e o que seria da minha individualidade sem a praguejação diária: eu tô atrasada, que merda, eu tô atrasada de novo.

A Mulher de Sardas com o Caio, vejam só, ressuscitou a agenda que compra todo início de ano para preencher a folha de identificação e guardar na gaveta, e anoto tudo, tudinho, superorganizada e consciente das tarefas diárias, marcando oks nas cumpridas com êxito, e o mais surpreendente de tudo, talvez não para vocês, mas para mim, cumprindo todas, todinhas. E eu não vou nem falar das contas, mas só para dar uma idéia, elas ocupam agora apenas meia página de cada dia 5.

A Mulher de Sardas com o Caio chega do trabalho – da selva da cidade grande – pronta para briga, com os dentes arreganhados, procurando sarna para todo mundo coçar e pistas e marcas na casa e no Caio como se fosse tudo uma coisa só e até a casa tivesse autonomia para me trair, simplesmente porque o ciúme é um fato em mim e tudo o que considero meu, na minha opinião, deveria passar o dia inteiro ao meu redor.

A Mulher de Sardas com o Caio sempre acha que o Caio poderia me dar um pouquinho mais de atenção.

A Mulher de Sardas com o Caio continua ganhando colo do pai e da mãe.

A Mulher de Sardas com o Caio fica desesperada porque não cabe tudo num dia (que novidade, não?).

A Mulher de Sardas com o Caio adora quando chega domingo e nós dois podemos ficar namorando na e a nossa casa, que é linda demais, que tem uma cara muito nossa, que todo mundo gosta de ir até pra ficar lá parado olhando, porque as luzes as cores e os perfumes fazem você sair mais feliz do que entrou.

A Mulher de Sardas com o Caio quer ser cada dia mais com o Caio e algum dia, se bobear, ser completamente do Caio, porque meu discurso feminista vai até onde começa minha vontade de não sair mais de dentro daquele abraço, de dormir com o nariz grudado naquele pescoço, de acordar mergulhada naqueles olhos, de caminhar apoiada naquelas mãos, de me enrolar naquela pele toda, que é toda cheiro, toda quente, toda delícia.

E eu não quero ficar me exibindo, mas a Mulher de Sardas com o Caio chega em casa e come os melhores jantares, porque o Caio cozinha bem pra caramba.

Ah, a Mulher de Sardas com o Caio engordou...

3 comentários:

  1. Querida,

    que alegria boa tem teu texto!

    Sardas felizes, as tuas, agora ainda mais completas. Parabéns,

    Beijo,

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  2. Prezada "Mulher de Sardas":

    Eis a crônica da felicidade!
    E isso é tudo.

    Almiro

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  3. oiii Mulherrrr.. rss é a Débora! Muito obrigada pela sua resposta.. é, realmente eu tinha ficado chateada pela forma como ele me falou akilo, sabe.. existem diversas formas, e akela me chateou. foi um pouco agressivo. e fiz o que vc falou mesmo, bem antes de ler a sua resposta. tomei atitude de .. se não gosta do meu jeito, não estou nem aí. rss ele quem perdeu uma colega bem legal. (eu não gosto dele, apenas estávamos juntos no grupo de estágio obrigatorio de final de faculdade, e tinha cohecido há 2 semanas apenas..) Foi isso! mto obrigada1 e agora vou ler sua pagina sempre.. deveriamos fazer um Comitê das Ruivas de sardas rsss Ou poderíamos formar um Feriado: Dia da consciência Ruiva. kkk.. Bjuss!!! Inté!

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não se nasce mulher, torna-se mulher [simone de beauvoir]