Como é que se sai de casa?
É estranho, é difícil, é um tanto incoerente. Mas eu saí.
E foi assim, de repente. Claro, não tããão de repente. Eu e o Caio namoramos há cinco anos. Mas namoramos mesmo, sem meio termo. Desde o começo foi coisa feia. Troca de alianças, troca de tatuagens, troca de almas. É sério, de almas. O Caio tem uma coisa de ser o amor da minha vida que não dá pra explicar com palavras. Clichezão mesmo, de livro. Mesmo que ele diga que não, a nossa vida é coisa de livro. Ele diz que eu tenho que ser menos romântica e, um termo novo, recém lançado no repertório dele, hollywoodiana. Right. Sou mesmo hollywoodiana. Eu nasci para brilhar, com muito drama e muito close nas lágrimas. Uma estrela. E agora em novo cenário: a nossa casinha.
Mas eu estava falando sobre sair de casa. Da minha casa, da casa do meu pai e da minha mãe, que já foi em muitos lugares, em outras cidades, às vezes casa, outras apartamento, mas sempre a mesma: o meu lugar.
Faz duas semanas que nos mudamos. Eu fico toda hora pensando em escrever sobre isso. Mas ainda não deu. Eu ainda não entendi direito. Ainda não parece todo real. Eu vou na casa dos meus pais e entro direto no meu quarto. Abro meus armários. Uso a minha escova de dente. Sento no meu lugar à mesa. É o mesmo cheiro. É o mesmo jeito. Tem as minhas cápsulas de vitamina que eu não consigo engolir na geladeira. Tem roupa minha na pilha de passar. Tem o meu pai e a minha mãe e a minha irmã. Tem a minha vida com eles que continua. Às vezes eu penso que acordo lá. Ou sonho. Não sei.
Não estou triste. Estou com saudade. E este post não é para reclamar de nada, nem para ficarem achando que eu não queria sair de casa. Mas não acho errado dizer que eu nunca quis sair de casa. Por que eu iria querer?
Minha casa é o melhor lugar do mundo. E viver com quem se ama faz de qualquer casa a sua casa.
A verdadeira casa.
Ou casas.
Este post não é para escrever sobre a nova vida com o Caio. Eu preciso separar as coisas para poder senti-las realmente. Este post é para exorcizar o meu sair de casa. Tanto que temi, tanto que ansiei, tanto que chorei por isso desde bem pequena. Eu previa que não seria simples. E eu preciso viver isso. Todos os dias eu quero voltar para a minha casa. E não só para a casa. Eu quero voltar no tempo. Eu quero ser mais um pouco deles. Este post é pra falar sobre isso. Sobre o quanto quero ser para sempre do meu pai e da minha mãe.
No próximo eu conto sobre como é ser do Caio. E finalmente minha.
crescer dói, e muito!
ResponderExcluirPensamos que nossos pais acham que ainda temos 15 anos, mas é completamente ao contrário: nós queremos voltar a ter 15 anos!
como é difícil crescer...mas não temos outra saída!
beijinhos e saudades
Querida Scarllet! Quanto tempo, que saudades!
ResponderExcluirComo sempre eu vejo você crescendo, virando gente grande. Acompanho você e Caio há alguns anos, meus primeiros links. O TP já fez 5 anos, as pessoas abriram e fecharam blogs e a gente está aí.
Eu passei por isto há 19 anos atrás. E estamos aí, eu e o Szafir ficando senhores jovens, com filhos grandes e uma vida cheia de histórias pra contar. Tive estas sensações quando saí de casa, mas mesmo agora que não tenho mais meu canto lá, eu tenho lá, pra hora que precisar e quiser. Meus pais estão na casa dos 70 e são umas gracinhas...
Eu desejo uma vida linda pra você e Caio, que eu sei completa você, assim como você a ele!
Beijos!
é bom demais sair da asa (ops) casa dos pais! Fico feliz de ler. A história se repete. 20 anos depois. Legal! Parabéns pra vc e pro Caio. Vida longa pro amor!
ResponderExcluirdaniel