É o sol que me abraça com seus braços longos. Não há braços mais compridos do que os do sol. Vêm até aqui e abraçam. Vêm até aqui e empurram. Vêm até aqui e abraçam e empurram como se fizesse sentido abraçar e empurrar alguma coisa ao mesmo tempo. Tudo bem. É quase recompensador. Quase faz valer a pena ter vivido o escuro.
Mas não. Por mais agradável que seja o toque desse abraço agora – hoje – ele é resto de queimadura afiada e profunda, é resto de incêndio que sobrevive nas brasas, é fogo ainda, de qualquer jeito que se olhe.
Eu sei! Eu quis queimar! Não posso apagar o desejo escrito. Mas sacio aqui a vontade de ser sol.
- Mas e agora?
- E agora não é pergunta que se faça pra quem queimou mas ainda arde. E agora não é pergunta que se faça pras cinzas amanhecidas e espalhadas pelo ventilador por toda a casa. E agora é tempo, é vento, é entranhar-se. E agora são pisadas distraídas. E agora é ir.
Mas não. Por mais agradável que seja o toque desse abraço agora – hoje – ele é resto de queimadura afiada e profunda, é resto de incêndio que sobrevive nas brasas, é fogo ainda, de qualquer jeito que se olhe.
Eu sei! Eu quis queimar! Não posso apagar o desejo escrito. Mas sacio aqui a vontade de ser sol.
- Mas e agora?
- E agora não é pergunta que se faça pra quem queimou mas ainda arde. E agora não é pergunta que se faça pras cinzas amanhecidas e espalhadas pelo ventilador por toda a casa. E agora é tempo, é vento, é entranhar-se. E agora são pisadas distraídas. E agora é ir.
que texto! para ser lido, relido e muito mais. belíssimo. abraços.
ResponderExcluir