10.6.08

my tears dry on their own


Rumos. Vai muito tempo da vida nessa história de rumos. Escolher, tomar, seguir rumos. Cada vez que me vejo num novo rumo penso inevitavelmente naquela terrível frasezinha: agora sim. Agora nada. É só um rumo. Só mais um. E mal coloco o pé nele, não dá nem tempo de relaxar, um novo rumo vem surgindo no horizonte.

E quando irei sossegar? Nunca. É claro. Todo mundo sabe disso. Sossego é a verdadeira utopia dos que vivem. Mas só dos que vivem. A adrenalina ainda é uma das minhas drogas favoritas.

Um novo rumo, então. Com nova trilha sonora. Porque eu sofro pra caramba cada vez que as mudanças se dão e nada disso faz sentido sem trilha sonora. Eu já disse que a minha vida é um videoclipe. Sou eu caminhando, o vento nos cabelos, a estrada indo para o nada que também pode ser o futuro e a minha boca se move cantando a letra da vez. Nada me abala, aparentemente. Eu só vou. Trilha sonora é imprescindível nessa história de rumos. Com trilha sonora eu me sinto poderosa. Com trilha sonora eu acho que dá.

Videoclipe é coisa rápida. Como um conto. Começo, meio e fim. Mas prefiro a minha vida num videoclipe que num conto. Gosto do impacto da imagem. Gosto das cores. Das caras. Gosto que me vejam viver. Sempre um bom petisco para voyeurs.

Talvez, daqui a pouco, muito pouco, eu prefira ser boa literatura.



Um comentário:

  1. texto magnífico, verdadeiro videoclip e ao mesmo tempo literatura. um conto? sim, e um rumo também. abraços.

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não se nasce mulher, torna-se mulher [simone de beauvoir]