quinta-feira, 28 de dezembro de 2006
CHOVE CHUVA
Está faltando um post de final de ano neste blog. Eu sei que está. Todo mês de dezembro é tempo de fazer uma retrospectiva, um melhores momentos, um balanço... É tempo de parar um instante e (re)pensar a vida. É tempo de planejar um novo ano ainda melhor. É tempo de respirar fundo e tomar fôlego para o que vem por aí. O único problema é essa estranha impressão de que fiz isso agorinha mesmo!
E não é verdade?
2006 passou voando, apesar de todo o caos aéreo. E lembro bem que, há um ano atrás, eu estava muito cabisbaixa, desanimada, realmente triste com essa história de fim. Dezembro é um mês de fim. Um mês inteirinho de despedida e espera. Um mês que dá vontade de chorar por mais um ano que acaba e de gritar feito criança no parquinho pelo ano todo novo que chega às nossas mãos.
2005 foi um ano triste, em geral. Muita coisa ruim aconteceu pelo mundo. Muita mesmo. No final, todo o mundo suspirou aliviado. Todo mundo torceu por um bom 2006. Ou, ao menos, por um 2006 tranqüilo. Ano-Novo tem essa coisa de unir as pessoas em um pensamento único. É como torcida de futebol, mas sem gre-nal. É só um lado. É o time de branco. Quando chega a meia-noite as comemorações explodem em fogos de artifício. Não tem quem não se abrace. Não tem quem não olhe para o céu e imagine as melhores coisas para si, para o mundo, para quem quer que seja - onde quer que esteja, para o Universo sem distinção. Sabemos da África, sabemos do Oriente, sabemos das drogas, sabemos das guerras, sabemos das crueldades, sabemos do horror, do medo, da inexistência de sonhos, do desconhecimento do amor, sabemos de muita gente que nem sabe que o dia 1º de janeiro é o dia 1º de janeiro. Sabemos que a grande maioria das coisas que deveriam mudar no ano que vem não mudarão nunca e ainda piorarão. Sabemos. Sabemos de tudo. Mas ninguém me tira a explosão.
Termino 2006 tranquilamente. Foi um ano e tanto. Fico até sem ar em pensar. Tudo de bom para mim, tudo de vento em popa, tudo fluindo em ondas energéticas do centro da Terra, do céu, sei lá de onde e do meu próprio coração. Tremo ao pensar em 2006. E me delicio ao ter certeza que pelo resto da vida utilizarei a mesma expressão para ele: que ano!.
2007, então. Venha! Quero 2007 todo para mim. Quero vivê-lo, seja como for. Quero estar aqui em dezembro. Sinto um medo absurdo de tudo o que pode acontecer nesses dias todos, quase sinto vontade de me esconder em um cantinho e ficar só observando, mas como? Como não viver? Agora que nasci, tenho que viver, tenho que caminhar, tenho que respirar, tenho que dormir e acordar, tenho que realizar, criar, aprender, investir, amar, trabalhar, curtir, viver, viver e viver da maneira que for possível, mesmo com o medo que nunca me abandona, mesmo com a morte atravancando o caminho, mesmo que não haja sentido algum - e eu sinceramente acho que não há nenhum sentido, mas quem está na chuva, afinal, tem que se molhar e não há nada mais delicioso que um belo banho de chuva nesses dias infernais de verão.
Para os meus queridos amigos VIRTUAIS, um 2007 REALMENTE feliz!
segunda-feira, 18 de dezembro de 2006
MAS QUE DÚVIDA!
sexta-feira, 15 de dezembro de 2006
DEZEMBRO
Dezembro vem para acabar. E por isso faz um calor infernal. Os dias escoam como água na privada: turbilhão. O Natal é só um dia que a gente quer que chegue logo. E que passe, assim que puder. Só que ainda nem comprei os presentes. Tudo parece despedida. De repente, somos nostalgia. Esperança. Certeza. Somos abraço. De repente, precisamos abraçar todo mundo. De repente, precisamos rever os amigos. Presenteá-los. Devolver os livros emprestados. Acertar as contas. Resolver as pendências. Recuperar os sorrisos. Pedir perdão.
De repente, precisamos pedir perdão.
De repente, a cruz pesa nos ombros.
E torna-se bonito sofrer.
Os últimos dias do ano são regidos por um protocolo organizado às pressas. Sempre esquecemos uma lembrança. E na noite final eu choro como juro que não chorei em nenhuma outra noite do ano. Os fogos explodem minha alma. Não sinto. Choro é pela vontade de ficar mais um pouquinho.
Dormir no dia 31 de dezembro me assusta. Não quero acordar em outra numerologia, em outra regência, em outro futuro. Não quero que o tarô me diga o que ainda não sou. Não quero acordar no dia 1º de janeiro e fingir que é a primeira vez. Acordar em um novo ano é ter que voltar. E pensar em voltar me cansa. O ano deveria ter 365 meses.
E os meses não deveriam ser sempre os mesmos. A cada ano, deveríamos inventar novos meses. Com novos nomes. Com nova duração. Quem sabe chamá-los por apelidos. Quem sabe por símbolos mágicos. Quem sabe por sinais sonoros. Nunca igual ao ano passado. Nunca causando a horrível sensação de repetência: o deja-vu que nos faz andar em círculos e achar que é sempre cedo para morrer. É sempre cedo para morrer quando contamos em um calendário o viver.
Mas, enfim, o nome não importa. Sou Camila todos os anos e uma mal reconhece a outra, embora não se confundem olhos de amêndoas. Minhas sardas não cabem mais em meu rosto. Eclodiram pelos espaços outrora ermos de meu corpo. Já fui bicho da goiaba, do mato, lagarta. Hoje balanço minhas asas com sérias pretensões de voar.
Este ano vai ser diferente. Olhando, assim, para o céu, e sabendo que as estrelas são o passado, tenho a nítida impressão de que vou sobreviver.
sexta-feira, 1 de dezembro de 2006
quero ficar sentada e imóvel
por minutos incontáveis
quero que gravem minha imagem sentada neste banco
quero que olhem para o banco amanhã e depois
e me vejam
tão bonita
os cabelos todos espalhados pelo vento
olhando para tão longe e para tão perto
e para tudo o que se pode olhar e se ter no olhar
escrevendo algo em folhas soltas
poesia, quem sabe?
pelo jeito que olha para o céu de vez em quando
pelo jeito que parece às vezes sorrir
e às vezes suspirar
talvez o que ela escreva seja mesmo poesia
talvez ela seja alguém que eu conheça
que já li
(talvez ela seja alguém que lerei)
então
não quero desfazer por nada esse lembrar
no banco tão bonita
esperando o ônibus
que nem era preciso esperar
porque eu sabia que só viria
além muito além.
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