3.3.09

ibiraquera, SC


Tem um tanto de sonho em estar sozinha. Confundir as próprias vozes dos meus pensamentos. Quem disse isso? Quem pensa assim? Vou me construindo sozinha com meus pensamentos e cada vez que falo mostro um pouco do que fiz no silêncio. Nem sempre o que deve ser. E quem sabe? Quem me diz o que poderia ser o certo de mim? São tantas vozes aqui dentro. Nem sei qual é aquela que ganha sempre. E qual a que perde sempre. Vou achando, às vezes, que sou sempre eu. Perdendo para mim porque falo mais baixo que eu mesma.
- Não te perde desta vez. Te mantém aqui. Não te perde.
- É tarde e eu já fui.
- Não foi ainda. Eu tô te vendo. Tu tá aí parada me olhando. Não é tu quem foi. Não te perde.
- Me segura, então, porque o sonho tá tratando de me engolir.
- Só que eu não consigo. Eu nunca consigo te puxar do sonho. Tu te solta e vai como louca. Tu deixa sempre o sonho te engolir. Tu vai vai vai. Mas te mantém aqui desta vez. Não te perde.
- Me segura.
- É tu quem não pode te soltar.
- Me segura.
- É tu quem tem que ficar.
- Tenta me segurar. Faz força. Amarra teu pé no chão e me puxa pra ti. Esta é a tua vez. Não dá pra eu segurar pra ti o que é teu. Eu fico. Mas me segura.

Um comentário:

  1. Oi, guriazinha
    Agora que eu vi que teu link estava antigo lá no Lua. Já consertei. Beijos de inicio verdadeiro de ano. Boas escrituras.

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Coisa boa saber tua opinião.

não se nasce mulher, torna-se mulher [simone de beauvoir]