É realmente muito triste quando nossos ídolos nos decepcionam. Costumamos agüentar cada coisa de cada um, mas de certas pessoas... Não dá.
E ídolo é algo maluco em nossa vida. Pode ser gente de carne e osso como pai e mãe e pode ser gente que só vemos na TV, como a Britney Spears. Pois é. Tenho uma amiga que é fãzona da Britney. E a minha amiga não é doida, não. Mas ela curte a Britney. Muito. E ela vive tentando dar uma tapeada no monte de besteiras que a moçoila apronta por aí. E ela até consegue me comover, porque eu acredito muito no poder que o quarteto do mal mídia-fama-consumo-dinheiro tem de enlouquecer um ser humano. Com a Britney não seria diferente e ela comprova a sua frágil humanidade dia após dia diante de todos nós. E ta aí o resultado no VMA 2007. Poor girl. Compartilharei a dor de minha amiga e também não darei o link do vídeo no youtube. Procurem vocês, se quiserem. Assistam. Mas por favor, não dêem risadas em vão. É triste, é doloroso, é cruel. E a Britney é apenas uma amostra do que vem por aí.
Relação de fã com ídolo é isso mesmo. A gente ama porque se espelha e, quando algo dá errado, assumimos parte da culpa. Sempre tentamos disfarçar nossas decepções. Sempre tentamos provar que temos algo a ver com o nosso próprio sofrimento. Sempre procuramos aliviar a barra de quem queremos bem. E não sou eu quem vai admitir que tem muito de vaidade e egoísmo nessa piedade toda, afinal, ninguém quer mostrar para os outros que foi traído, ninguém quer baixar a guarda para a humilhação, ninguém quer assumir que se enganou. Seria ótimo se a Britney desse a volta por cima, reconquistasse o Justin e ambos voltassem a ser o supra-sumo do pop. Lavaria a alma dos fãs. Faria a minha amiga sorrir novamente. Só que isso provavelmente não acontecerá. Assim como a Britney não será, certamente, o pior baque da vida de ninguém. E é muito, muito triste ver uma paixão se autodestruir na nossa vida.
Costumamos perder muitos ídolos durante a vida. Eu cresci amando a Xuxa. Lutei até o último momento por ela. Não deu. Chegou num ponto que não tinha mais ninguém para esconder de mim o seu passado sórdido. Arrematei, então, o Renato Russo no final da carreira. Tentei ir ao show no Gigantinho, mas meus pais não deixaram. Era o último show. Um dia, na volta de escola, recebi a notícia de sua morte. A primeira morte que senti na vida. Quem disse que os ídolos não fazem parte do nosso crescimento? Parti, em atitude desesperada, para os ídolos que já vinham mortos. James Dean, eternamente fumando o seu cigarro de cantinho. Audrey Hepburn, perfeita. Terrenos totalmente seguros para eu descarregar os meus sólidos sentimentos.
Fui por esse caminho até me apaixonar de verdade. Por gente de carne e osso. Gente que erra e aprende e que erra e ensina. Que é cheia de defeitos que não consegue nem quer esconder. Que tropeça pela vida mais que a Britney no VMA. E mesmo assim consegue fazer eu me apaixonar. E machucar. E disfarçar. E lamber as feridas. E levantar. E seguir. E até curar.
Não por falsa por bondade e sim, porque vale a pena. Porque realmente vale a pena.
Ídolo é isso mesmo: a maluquice de cada um. Mas, por via das dúvidas, aposto na Sandy, sempre na Sandy, a menina de voz linda que vi crescer, que me consola quando preciso despejar cantando bem alto meus sentimentos bobos de dor e amor, que me faz companhia quando o ônibus parece o lugar cheio mais vazio que há no mundo e que até hoje nunca me decepcionou.
De Renato Russo para Sandy? Macacos me mordam! hehehe
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