10.7.07

arquivos maio 2005

sexta-feira, 27 de maio de 2005

SE DEUS NÃO QUISER
Os passageiros iam se despedindo do cobrador e ele ia respondendo, com seu jeito manso e ainda sonolento, "até segunda-feira, se Deus quiser". Desci do ônibus de sobrancelha franzida, consternada com aquela tão mecânica quanto desmedida demonstração de fé. Para mim, não pode existir frase mais drástica do que essa: "se Deus quiser".
Se Deus quiser o quê?
Que segunda-feira o cobrador não tenha ganho na megasena e partido pra Acapulco com patroa e bacuris a tiracolo, curtindo o vidão que Ele, Deus, lhe deu?
Que segunda-feira eu não tenha ganho na megasena e não tenha montado minha própria livraria, não sem antes ter agendado uma passadinha básica pela Europa?
Que, pelo menos, um de nós não tenha pego uma gripe, dessas um pouco mais robustas, dignas de um dia inteiro embaixo das cobertas na frente da televisão, fungando e reclamando dessas coisas que "só acontecem comigo"?
Pelo amor de Deus (segunda frase mais drástica), por que será que sempre esperamos o pior... de Deus?
Será que sinônimo de vida segura e felicidade é toda segunda-feira estar sentado no mesmo banco de ônibus, rumo ao mesmo lugar de trabalho, vendo a vida passar pela janelinha, dia após dia, uns mais frios, uns mais quentes, outros chuvosos, mas todos iguais em essência, todos repetidos em espírito, todos não querendo ser mais do que um dia de trabalho quente ou frio ou chuvoso?
Queira Deus, amigo cobrador, que segunda-feira minha vida tenha dado uma reviravolta, que eu tenha recebido uma nova proposta de emprego, uma chance de viagem, um pedido de casamento seguido de mudança de cidade, estado ou país, que o meu bilhete tenha sido premiado, que tenha sido decretado feriado, que Porto Alegre amanheça com neve, que a gripe seja forte (mas breve), ou que simplesmente o despertador não toque, eu durma demais, acorde atrasada e perca o ônibus.

terça-feira, 17 de maio de 2005

SÓ NO ANO QUE VEM
Repararam no detalhe ali do lado? Não? Olhem bem! Parece uma coisa pequena, uma mudancinha à toa, um quase nada no blog. Um quase nada mesmo... Um número que não é mais o que era... Um quatro que vira um cinco... Um ano que passa... Um ano inteiro, completo, recheado, intenso, vivido, um ano bom e ruim, triste e feliz, um ano como muitos, um ano único, um ano da minha vida.
Sábado fiz 25 anos. Minhas bodas de prata. Eu mais eu, unidas por longos 25 anos. Nada fácil. Também nada impossível. Completo 25 anos e meu momento é de dualidade, é o ser ou não ser, é a grande questão humana que se manifesta em mim, pois não posso viver 25 anos sem um motivo e não posso seguir em frente sem um objetivo. Esse número redondo e definitivo me assusta, parece um pouco demais, parece que pulei alguma coisa por aí. Como assim, 25??? Não era 12 até pouco tempo? Não era 18 há dois dias atrás?
Não, não era. O tempo passou mesmo. O lado racional e meio triste em mim diz "Pronto, acabou. 25 anos já eram". E o outro lado, o espiritual que quer ser alegre a qualquer custo, diz... Bem... Sei lá o que o outro lado diz. Não vou ser hipócrita e fingir que ele está achando tudo isso ótimo, que o tempo passar é ótimo e que viver é um presente divino. Meu lado espiritual está falando meio baixo. Não consigo escutá-lo agora. Talvez porque também ele esteja um pouco dual. Tudo bem. Aos 25, ele tem direito.
Mas o melhor dessa coisa de aniversário é aquilo que eu sempre digo: passa. Agora só no ano que vem.

quinta-feira, 12 de maio de 2005

MÃE, MULHER, LIGIA
É muito difícil escrever sobre a minha mãe sem falar sobre mães. Já me privei de escrever qualquer coisa no Dia das Mães justamente para não fazer a relação. Deixei, então, para falar sobre a minha mãe hoje, porque hoje não é o Dia das Mães, hoje é o Aniversário da Ligia.
Bem, vou me empenhar na difícil tarefa de falar da Ligia sem falar sobre a mãe.
Não que eu não tenha nada pra dizer sobre ela como mulher. Ao contrário: ela é uma super mulher. Aliás, ela é a melhor que eu conheço. Se você ler o post aqui debaixo e ler sobre a minha irmã, já pode ter uma idéia, porque, veja bem, a Nati é filha dela. O difícil é não ficar bancando a filhinha babona porque a minha mãe, quer dizer, a Ligia, é uma mulher lindíssima, mas linda mesmo, daquelas belezas que são belezas em qualquer tempo, idade ou hora do dia. Aquelas belezas que não são meramente físicas, são belezas do olhar, do jeito, da voz, do coração.
Ela é linda porque é muito inteligente e inspira a procurar sempre mais.
Ela é linda porque seu coração vem à frente dela mesma e tudo o que ela toca se transforma em amor.
Ela é linda porque ama, ama mesmo, não só a nós, marido e filhos, mas também aos filhos dos outros, principalmente as crianças lá da AACD, que tanto precisam e ela sabe muito bem.
Ela é linda porque é inteira em todas as milhares de coisas que faz, não importa o que seja nem pra quem.
Ela é linda porque apesar dos medos, inseguranças e angústias, vai em frente, não pára, não desiste, não deixa a peteca dela e nem a de ninguém cair.
Ela é linda porque é uma mulher completa, intensa, perfeita, quem conhece sabe e concorda, não tenho dúvida nenhuma.
Ela é linda porque... Bem... Não posso deixar de dizer... Não faz sentido se eu não dizer..
Ela é linda porque é a minha MÃE.
E eu a amo demais. Mesmo.

terça-feira, 10 de maio de 2005

Preciso abrir um parênteses aqui pra falar que ontem foi aniversário da Nati, minha irmãzinha adorada, caçulinha da família, meu xodozinho.
A Nati é uma daquelas meninas que você conhece ou já ouviu falar, que no colégio só tem uma, que nunca é você, mas não se deprima por isso, até porque é muito difícil ser tão bonita, tão inteligente, tão querida, tão melhor amiga, tão fofa, tão alegre e fascinante, tão engraçada, tão sarcástica, tão magrinha, tão cabelo lisinho e maravilhoso, tão boca vermelhinha e carnuda, tão sensível pra sacar os outros, tão discreta com os segredos alheios, tão companheira pra tudo, tão vozeirão, tão fã da Avril, tão equilibrada e madura, tão dona da verdade, tão cheia de valores fortes e necessários, tão menina, tão mulher, tão boa de conversar antes de dormir, tão cheia de mistérios, tão comilona de bolacha de chocolate recheada, tão ligada em tudo o que é novo e fashion e digital, tão louca por balada, tão conselheira, tão líder da galera, tão cheia de idéias, tão segura, tão auto-suficiente pra escolher o que gosta e o que não gosta, tão indecisa na hora de se vestir, tão amada pelo mundo, tão amada pela família, tão amada por Deus, tão ela que dá gosto de ver, de conviver, de ser irmã e saber que ela vai estar sempre comigo e eu sempre com ela, porque uma luz que nem a dela a gente só tem que aproveitar pra se iluminar, porque ela não faz sombra pra ninguém, ao contrário, ela irradia e faz os outros brilharem também.
Maninha, eu te amo! Nem vou te desejar felicidades porque isso vai ser chover no molhado...

quarta-feira, 4 de maio de 2005

DO OUTRO LADO DO MURO MORA DEUS
O pôr-do-sol no Guaíba é escandalosamente lindo. Indiferente ao branco e ao negro, à esquerda e à direita, ao Grêmio e ao Inter. Não sei se é o mais bonito do mundo, como os gaúchos cansam de afirmar aos berros por aí, só sei que é lindo de morrer. Quando eu era mais nova, seguidamente ia com meus amigos sentar na grama e tomar chimarrão na beira do rio, para assistir de camarote ao espetáculo. Agora, ainda assisto de camarote, só que VIP.
Da janela do meu trabalho, eu vejo, todos os dias, sem nada que atrapalhe minha visão, o sol se derramar sobre o Guaíba. Não raro paramos tudo o que estamos fazendo aqui na minha sala só para admirar esse momento que é, simplesmente, perfeito. É rápido, não demora dois minutos. O sol, gigante, redondo, laranja, vai mergulhando atrás dos morros e por mais que seja uma cena conhecidíssima, por mais que a vemos reproduzida de todas as formas possíveis em todos os lugares possíveis, é sempre e para sempre emocionante.
Só que existe um detalhe intrigante nisso tudo. Coisas de Porto Alegre. Entre o rio e a cidade, entre o pôr-do-sol e a cidade, entre a beleza divina e a cidade, existe um muro. Um muro de concreto, extenso, cinza, estranho. Do alto da minha janela eu vejo o sol do lado de lá e a cidade do lado de cá. Vejo milhares de carros e pessoas passando na avenida, coladinhas no muro, a um passo daquele esplendor todo, sem conseguir enxergar.
Que futuro se pode esperar de uma cidade que se esconde de Deus?
Não sei. Não sei nem se é mesmo o pôr-do-sol mais bonito do mundo! Tudo o que sei é que é o pôr-do-sol que eu tenho, o que eu ganho de mão beijada todos os dias no final do expediente, o que me faz sorrir encantada sem pensar nas ruas violentas e sujas que me esperam lá embaixo, o que me faz entender que Deus está do outro lado do muro sim, mas que nos espia, que nos deixa ver suas cores. Todas as cores. Escandalosamente lindas.
Hoje é aniversário do meu querido mano Cristiano. Quero desejar toda a felicidade pra ele, ainda mais nesse ano que ele inicia hoje, que será todo especial... A primeira volta do círculo se fecha e um círculo é sempre uma forma perfeita. Muita saúde, muitas alegrias, muita paz. Te amo!!!

segunda-feira, 2 de maio de 2005

Em maio o Mulher de Sardas completa 1 ano. E a Mulher de Sardas 25.

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não se nasce mulher, torna-se mulher [simone de beauvoir]