Minha janela é em frente da parada de ônibus. Passo o tempo neste computador e o dia fica fora. Os ônibus passam. São as mesmas árvores, as mesmas pedras na calçada. As mesmas vitrines. As roupas mudam. A chuva vem. E passa. Meus vidros estão fechados. O ventilador ocupa o som. O que as pessoas conversam na parada. O que pensa o rapaz de mochila enquanto distribui os panfletos. O que pensam de mim. O ônibus os leva. Eu não vi para onde vão.
Eu vou para a rua em algum momento. Sou mundo também. Não o culpo por passar. Eu não culpo ninguém pelo que somos. Não é fácil ser humano e ter uma vida nas mãos. É fácil pegar um ônibus e chegar. É fácil voltar, caso se tome o ônibus errado. Mas viver, fazer da vida algo que valha, ao fim! Aproveitá-la e cumpri-la, não somar horas perdidas em computadores, em preguiças, em brigas. Em paradas de ônibus que não vêm.
Quanto tempo ficar com alguém? Quando o tempo sobra? Quando falta? Quando é para sempre numa vida de ontens? Quanto tempo é justo fazer alguém perder? Ou não é justo nunca, e o mundo é para se viver só, a sua chance, a única, uma vez.
Hoje, o primeiro ônibus que passar é o meu.
Nossa, guria, que tanta pergunta séria demais, que texto denso, fazendo que conta que é bobo. Adorei as reflexões. Agora vou, antes que perca o meu ônibus...
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