25.8.09

me deixa

Eu não sei por que me sinto presa. É lógico que ninguém amarra minhas pernas. Estou parada por vontade pura e minha. Paro e pergunto se há mal verdadeiro em não querer caminhar.

- Mas nem um pouco? Não tens a mínima vontade de conhecer o que há logo ali na frente?
- O que há ali na frente que não há aqui? De que é feito o chão ali na frente senão do mesmo barro deste aqui? E o céu? Qual o azul do céu três passos adiante que eu não consigo ver daqui?
- É o mesmo chão. É o mesmo céu. Mas é à frente.
- Mas meus pés não vão mais do que isso. Vai, vê e me conta, se puderes. Não me importo de ficar para trás. Gosto de ouvir teu relato. Gosto mais ainda de ouvir meu imaginar.

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não se nasce mulher, torna-se mulher [simone de beauvoir]